A criação artística e a partilha numa Masterclass com Diogo Piçarra

Ganhou o programa Ídolos em 2012, mas isso não foi sinónimo de sucesso imediato. Até 2015 – ano em que lançou “Espelho”, álbum que se revelou um sucesso de vendas na primeira semana –, o algarvio Diogo Piçarra trilhou um caminho onde, além da mudança de Faro para Lisboa, teve de conciliar a música com um part-time na Vodafone. Volvidos dez anos, o artista veio à ETIC para falar dos tempos que viveu num T0 no Cacém “onde o chão levantava” – conforme descrito pelo próprio – e explicar o processo criativo por que se guia. Esta foi a sua primeira Masterclass de sempre numa escola.
Chegou acompanhado por Sónia Silvestre – que trabalha na Universal Music Portugal e é professora na ETIC – e percorreu os corredores da escola com o mesmo ar descontraído com que encarou toda a Masterclass junto dos alunos que compareceram. Já na sala, sentou-se e pediu autorização para tirar da televisão o cartaz que o anunciava e ligar o programa onde produz as suas canções. Desde logo, os presentes sentiram o seu propósito que descreveu como “gratificante”: deixar as fofocas para segundo plano e falar da criação da arte que o move: a música.
Ainda assim, Diogo Piçarra optou por começar esta Masterclass moderada por Ricardo Farinha com o esclarecimento de que a consagração no Ídolos não significou glória imediata. É certo que os prémios do concurso – nomeadamente o curso em Londres – o ajudaram a formar-se na área por que é apaixonado, no entanto, nos primeiros tempos, conciliou a música com um part-time que lhe exigiu tempo na Vodafone, trabalho do qual decidiu despedir-se quando teve de pedir folga por ir atuar ao festival MEO Sudoeste.
No resto da sessão, o artista português deixou o seu percurso de lado e, entre a conversa com Ricardo Farinha e as perguntas dos alunos, mergulhou no mundo da criação musical, sempre com o apoio do seu computador e de dois pads – o OP-1 e o OP-XY. Sempre muito recetivo, Diogo Piçarra, além de responder às perguntas que lhe foram feitas, demonstrou interesse em saber mais sobre os projetos dos alunos. Numa partilha de ideias artísticas que se fez de respeito mútuo e algumas confidências, esta Masterclass que chegou quase às duas horas de duração revelou-se uma aprendizagem tanto para o artista como para uma plateia que está a dar os primeiros passos na música. O ícone da pop portuguesa também aproveitou a ocasião para citar um conselho que Pedro Abrunhosa lhe deu de forma a evitar a perda de inspiração: “Tenta sempre voltar ao sentimento que tinhas quando estavas a compor o teu primeiro disco”, referiu.
Na reta final do encontro, o cantor sugeriu que os alunos se chegassem à frente e mostrassem músicas do seu reportório, pedido que foi acedido sem receios. No final de cada canção ouviram-se palmas e os alguns conselhos e elogios que Diogo Piçarra tomou a iniciativa de ditar. Quando instado a definir a música que foi ouvindo numa palavra, o artista disse “promissor”, aproveitando para enaltecer a tanta vontade de crescer artisticamente que sentiu na sala.
O fim da sessão não sinalizou o desertar da sala, já que muitos ficaram para pedir fotos e mais conselhos. O sentimento de disponibilidade e interesse de Diogo Piçarra nesta experiência fez-se sentir ainda mais quando o músico partilhou por iniciativa própria o número de telemóvel com alguns alunos. É caso para dizer que esta aula não só enriqueceu todos os presentes como os tornou mais felizes na ida para casa.
Fotografia: @pedrofotovio