Blaya na ETIC: “Falhar significa que tentaste. Então vai tentar outra vez”
Cresceu no Alentejo, começou a rimar na adolescência, percorreu o mundo com os Buraka Som Sistema e chegou à ETIC enquanto artista a solo. Com um à-vontade contagioso, Blaya proporcionou aos alunos das várias turmas de Produção Musical uma Masterclass onde partilhou vivências e deixou alguns conselhos: “Falhar significa que tentaste. Então vai tentar outra vez”, referiu.
Recebida numa sala 2 com pompa e circunstância foi a própria Blaya que assim que entrou colocou os que a recebiam no conforto de casa. De trato fácil e com uma plateia interessada na música da multifacetada artista – ela que se define como performer, cantora, compositora, ativista, bailarina, mãe e mulher –, esta Masterclass começou por abordar os primeiros passos de Blaya: “Comecei por ser rapper e conheci muitas das pessoas do meio através do Myspace ou do mIRC”, recordou. Numa sessão que contou com a moderação de Ricardo Farinha, as várias temáticas surgiram espontânea e entusiasticamente: “Vou mostrar-vos o que fiz no início”, atirou Blaya que de seguida abriu o Youtube e mostrou um vídeo seu a rappar junto ao Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
Depois de partilhar os seus primeiros tempos enquanto rapper e alguns dos segredos mais desanimadores que rondam o backstage da indústria, a conversa com Ricardo Farinha fluiu para os cuidados que o artista deve ter consigo próprio e a fisicalidade da música, essa que também existe: “Devemos cuidar-nos enquanto artistas e não falo só da parte física, mas também da criativa. Quantos de vocês é que ainda vão à Fnac e compram um álbum?”, questionou Blaya enquanto assumiu a importância de pegar num CD ou vinil e colocá-lo a tocar. “Fazer isto é importante porque ter o disco em casa relembra-nos o álbum. Atualmente, no digital, uma música que sai hoje daqui a um mês já está a cair no esquecimento”, realçou.
Sobre o mote maior que a trouxe à ETIC, a artista vincou a partilha de “vivências”, além do gosto que tem em incentivar quem está a dar os primeiros passos na área: “É muito importante voltar a tentar quando falhamos”, disse. Blaya também atribuiu vital importância à experimentação da criação e revelou o que está na calha para breve: um novo álbum a solo.
Com o desenvolver de uma conversa que acelerou o tempo – já que a sessão teve praticamente duas horas e a sensação que ficou foi a de terem passado dez minutos –, chegou a parte em que os nossos alunos fizeram algumas perguntas à cantora. Quando questionada sobre a forma como um artista pôde sobreviver à recente pandemia, Blaya admitiu as dificuldades sentidas no meio, elencando algumas das que sentiu pessoalmente.
A Masterclass terminou com uma confidência: os alunos presentes puderam ouvir excertos de duas das músicas que vão sair no novo álbum. Ficou demonstrado que a aprendizagem também se faz de arte, nesta que foi uma autêntica aula que elevou a relevância da partilha e da persistência.