ERASMUS+ | THE END
Agora que voltei para Portugal, é uma sensação tão única pois parece quase um sonho. Quase como se nunca tivesse partido, mas ao mesmo tempo como já estou tão habituada a Estrasburgo é como se fosse voltar amanhã para o trabalho e para as pessoas que já conheci. Devo confessar que ao início estava super ansiosa por esta experiência e ao mesmo tempo assustada, mas agora que voltei olho para este Erasmus como provavelmente um dos maiores e melhores passos de crescimento que já ultrapassei na minha vida até agora, tanto a nível pessoal e emocional no aprender a estar sozinha e bem comigo mesma e não me exigir demais, como a nível profissional que ajudou-me a aprender e a perceber que não posso ter medo de ser curiosa, de errar só porque não sei fazer algo, e sim perceber que vou aprender e melhorar!
Foi uma experiência que tenho o prazer de olhar para ela com carinho e relembrar o modo em que me ajudou a ter mais paciência e confiança em mim mesma!
Foi igualmente incrível adaptar-me pela primeira vez a um sítio totalmente desconhecido e estar tão longe de tudo e todos os que amo a trabalhar em algo que nunca tinha feito e da mesma forma acreditar no processo e em mim!
Creio que não podia ter escolhido melhor cidade para me descobrir, aprender a sair fora da zona de conforto, e o atelier para perceber como é o contexto profissional e trabalhar a sério com prazos e clientes, desembaraçar-me nas tarefas que me dão!
Infelizmente a experiência foi mais curta que o esperado e dessa forma acabei por regressar mais cedo a Portugal, porque arranjei uma oferta de emprego num atelier de design que era exatamente o que queria, e não podia recusar de qualquer forma esta outra oportunidade!
Mas mesmo não estando até ao final do tempo definido, o atelier ensinou-me tudo o que era possível aprender sobre a serigrafia, dos processos dos ecrãs e divisão de cores feitos nos programas até ao criação de orçamentos para os clientes e todas as partes que compõem o mesmo.
E não podia ter saído desta experiência mais completa e pronta para entrar no ambiente profissional.
Posso apenas agradecer a Etic e ao programa Erasmus+ por uma oportunidade e experiência tão única e enriquecedora como esta, nunca vou esquecer esta etapa tão importante!
Consulta aqui o projeto final da Salomé
Diário de Bordo #5
Faz hoje dois meses que estou em Estrasburgo, é um misto de emoções, parece que já cá estou a um ano e ao mesmo tempo tenho tantas saudades de Portugal e de tudo o que faz parte desta minha pequena terra costeira.
É verdade, será assim tão pequena? Bom, geograficamente comparando com o resto da Europa e estando aqui no centro destes países todos é, mas no meu coração é exatamente o contrário, algo que gostaria de designar colossal e único. Nunca a palavra casa (= Portugal) me fez tanto sentido, mais que tudo saudades da minha família e do nosso mar!
De resto a estadia aqui continua bem, a cidade esta mais verde que nunca e cheia de bicicletas rompantes que nos levam com o vento que fazem. No atelier as cores parece que nunca mais acabam e o cheiro das tintas já se encontra impregnado em mim. As coisas que eu achava serem complicadas de fazer agora faço as com naturalidade!
Esta semana tive um convite engraçado, um amigo dos meus pais que veio de trabalho ao conselho d’Europa soube pelos meus pais que estava cá e vinha para a entrega de prémios de um evento de literatura e para qual não foi o meu espanto convidou-me para ir cantar com ele nesse mesmo evento. Portanto tive a particularidade de entrar no conselho d’Europa e cantar para centenas de pessoas das quais a representante portuguesa no conselho d’Europa. Que me agradeceu bastante e que foi tão bom ouvir a língua materna dela!
Foi sem dúvida inesperado mas bom!
Diário de Bordo #4
Estas duas últimas semanas foram bastante calmas,
Há duas semanas, segunda feira foi feriado portanto fui apenas trabalhar de terça a sexta e esta última semana o atelier esteve fechado durante dois dias, quando isso acontece é sinal de que não há muito trabalho para as impressoras, então decidem fechar.
Dessa forma aproveitei o melhor tempo de teve e fiz umas voltas pela cidade, aproveitei para conhecer melhor o lado cultural da cidade, os parques estão mais bonitos e verdes, cheios de flores e plantas e há mais feiras no centro o que faz com que a cidade esteja mais cheia. As pessoas aproveitam para fazer passeios de bicicleta e passam as tardes nos cais debaixo das árvores entre grupos.
A semana passada fui a uma exposição comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, organizada pelo conselho de Europa que no Palácio da Universidade de Estrasburgo e conheci o Embaixador de Portugal em Estrasburgo, foi muito bonito.
Diário de Bordo #3
Nestas últimas semanas de Março o trabalho pareceu-me bastante tranquilo, mas ainda tive algumas tarefas para fazer. Mesmo sendo tarefas simples, era sempre necessária atenção e paciência.
Mas a principal parte boa nestas duas últimas semanas foi ter a oportunidade de conhecer 3 grandes designers, um francês e dois suíços. O estúdio Cláudia Basel, o estúdio tout vá bien e o famoso designer Troxler. Geralmente quando os designer se deslocam ao estúdio é porque querem escolher acabamentos e cores para as peças gráficas. Dessa forma, é incrível poder ajudar na realização e no processo das peças realizadas, mas sobretudo poder conhecer os designers. Partilhar com eles pontos de vista e opiniões sobre o design e poder igualmente trocar contactos e mostrar-lhes o que eu faço é incrível!
Desde o início do curso na Etic que ouvimos falar de designers e referências e agora poder finalmente conhecê-los pessoalmente é gratificante.
Este fim de semana de Páscoa aproveitei e vim a Paris ter com uma amiga, nunca cá tinha vindo e queria aproveitar, confesso que não adorei a cidade, é muito grande, confusa e suja mas nem tudo é mau… consegui passar nalguns locais conhecidos onde filmaram o filme da Amélie Poulain, fui à tour Eiffel, passei no centre Pampidou e no Museu D’Orsey e gostei bastante, vi quadros que adoro!
Diário de Bordo #2
Passaram quase 3 semanas e sinto que já cá estou há tanto tempo, é uma sensação estranha mas boa, pois já fiz e vi tanta coisa nova. Nestas últimas semanas comecei a trabalhar na gráfica, por vezes passo algum tempo sem nada para fazer quando as impressões estão a ser feitas nas 3 grandes impressoras, e embora a equipa seja pequena é curioso o que fazem. Os projetos mandados para lá vêm de todos os cantos da Europa e alguns da América.
Quando se entra no armazém é uma experiência de sensações a todos os níveis, dos cheiros das tintas, solventes aos diferentes tipos de papéis. Do som das máquinas que ao início é muito alto mas depois se torna quase num mantra devido à sua constante repetição. Nem falo na explosão visual de cores criadas com as tintas que estão intrinsecamente manchadas em tudo o que existe naquele espaço, da nossa roupa aos baldes de panos manchados, jenga de potes de tintas e prints e cartazes incríveis espalhados em todo o lado!
Confesso que não tenho muitas tarefas mas algumas que faço são muito satisfatórias, qualquer pessoa que goste de ver vídeos de ASMR ou tenha um nível de OCD mais elevado iria estar no paraíso. ? Tirar as tintas com as espátulas das telas, cortar os papéis na guilhotina nas linhas de corte perfeitas, ver a sobreposição e e dessa das tintas acontecer, pôr o preenchimento de poros nos quadros antes da serigrafia são tudo tarefas pequenas mas que exigem muita precisão e são extremamente satisfatórios.
Creio que já conheço bem a cidade, e os transportes são relativamente fáceis e acessíveis, tudo é plano e perto, dessa forma a bicicleta dá muito jeito.
Os cais com os barcos são lindos e as misturas dos edifícios medievais com os mais modernos formam um contraste interessante.
Ao final do dia é bonito pois cada canto da cidade transpira arte.
Diário de Bordo #1
Cheguei a Strasbourg na quarta, a viagem foi cansativa porque tive uma escala em Madrid muito longa mas cheguei bem.
Falei diretamente para o atelier que ia trabalhar mas disseram me que como de momento a França está em férias de inverno ao que eles chamam as “vacances de hiver” portanto só iria começar a trabalhar na segunda.
Dessa forma aproveitei os restantes dias para ver a cidade que é muito bonita e vê se que tem muitas raízes alemãs, as pessoas nos estabelecimentos são todas incrivelmente prestáveis e simpáticas. A cidade parece que tem partes que estão realmente paradas no tempo, saídas de um filme medieval, não é muito grande nem muito pequena. No sábado apanhei o comboio e fui até Colmar, a cidade inspirada para ser a cidade do filme de animação castelo andante e voltei, de Hayao Miazaki.