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    André
    Palmeiro

    Operador de Câmara
    Rocksteady Digital Agency
    📍 Valeta, Malta

    Diário de Bordo #4

    Vivo uma vida temporária. Tenho, cada vez mais, pensado nisto.
    Claro, ao longo da vida todos vivemos diferentes fases, que nunca duram para sempre. Mas esta tem um prazo de validade tão vincado, que é difícil esquecer. É bom não esquecer. Faz-me colocar em perspetiva o significado que atribuo a isto que estou a viver, as pessoas a quem dou um pouco de mim e um pouco delas recebo em troca. Faz me pensar que tudo isto vai ficar para sempre nesta ilha, inclusive a versão de mim que sou agora.
    Se tudo fica, então o que é que levo?
    Ainda não tenho resposta.
    Fiquei doente, portanto estas últimas semanas foram mais calmas. Destaco o evento de perfumes que fui filmar, num lindo palácio chamado Palazzo Parisio. Paredes e tetos ornamentados ao expoente máximo, acompanhados de pinturas clássicas e mobiliário digno de nobreza. E odores apaixonantes. Como fã do livro “Perfume”, coloquei-me na mente de um assassino, que fecha os olhos e tem experiências sinestésicas.
    No fim de semana fui para o lado oposto da ilha, mais uma vez rodeado de natureza. Um lugar verde, cheio de falésias e precipícios. Com vista para o pôr do sol no infinito do mar.
    Gosto destes pequenos prazeres da vida. É nos detalhes que encontramos grandeza.

     

    Diário de Bordo #3

    Se o mundo é uma ervilha, então Malta é microscópica.
    Como videógrafo exemplar, trago comigo a minha câmara para onde vou. No St. Patrick’s Day filmei as pessoas a divertirem-se, nomeadamente, um homem com uma máscara de duende, que mais tarde vim a descobrir que era o Alejandro, o meu colega do lado na Rocksteady. Ainda nesse dia filmei uma rapariga turca, que depois descobri que também já lhe tinha tirado uma foto na marcha que houve em Valeta, no dia da mulher.
    E tantas outras coincidências têm acontecido…
    Quarta foi feriado e fomos a Mdina, a antiga capital, conhecida como Silent City. Mas era em Rabat (que fica mesmo ao lado) que havia festa. Aproveitei para provar Rabbit, o prato tradicional.
    Já estou cá há algum tempo e inquieta-me ainda não ter ouvido música tradicional maltesa. Descobri o Għana, mas infelizmente não é fácil encontrar isto ao vivo, é algo informal e pouco comum. Então acabei por ir a um bar com música ao vivo chamado Crafty Cat, um de vários que têm como tema a Alice no País das Maravilhas. Estranhamente, estava cheio de portugueses.
    Tenho vivido intensamente, portanto este sábado procurei ter alguma paz. Fui dar um passeio e acabei por ir a uma reserva natural, que mais parecia um trilho abandonado. Passei um bom tempo no silêncio da natureza e acabei por fazer amizade com 2 gatos malteses.
    Também sabe bem estar em Malta sem malta.

    Diário de Bordo #2

    Meio mês aqui, já se criam hábitos e rotinas que fazem Malta ser o país onde vivo, em vez do país que estou a visitar.
    Já existe um círculo social, que consiste nos habitantes da minha casa e a Carolina, a rapariga portuguesa que conhecemos no Lidl. É bom estar a assentar, agora é mais fácil saborear as coisas que o programa Erasmus proporciona.
    No trabalho escrevi um voice over que fez tanto sucesso, que acabou por ser a ideia base do projeto enviado para um dos clientes da empresa. Com slogan: “Today is a good day”. Frase que agora oiço todos os dias de manhã quando chego. Tenho editado vídeos e eles parecem estar satisfeitos com o meu trabalho.
    Nas horas vagas tenho vivido noites loucas em St. Julians’s, que agora está toda decorada com trevos alusivos ao St. Patrick’s Day.
    Dei, pela primeira vez, um mergulho no mar Mediterrâneo. Um pouco irónico, sendo que Portugal é um país mediterrânico. Mas é verdade que às vezes me esqueço que não estou em Portugal. Há muitas semelhanças.
    No geral, estou a viver bem e feliz, numa casa muito musical e divertida.

    Diário de Bordo #1

    Finalmente em Malta.
    A chegada foi um pouco atribulada. Fomos deixados em casa, não conhecíamos nada, era tarde e estávamos esfomeados. Felizmente existe serviços de entrega na nossa zona e conseguimos pedir comida.
    O lado positivo é que a chegada foi o dia mais difícil até à data.
    Sobre Malta posso dizer que é creme! É uma ilha monocromática, com arquitetura um pouco árabe e imensa iconografia religiosa. Estou a viver dentro de um postal antigo. Não há muitos passeios nem passadeira e o facto de os carros circularem pela esquerda, ainda mais baralhado me deixa.
    Sobre os Malteses é difícil falar.
    Na Rocksteady, a minha empresa, existe uma enorme multiculturalidade e uma mistura de sotaques que nunca sei muito bem onde estou. (Mas para mim significa que estou no sítio certo.)
    No entanto, já me deparei com uma tasca, que parece a típica tasca portuguesa, em que não falavam inglês. Apenas diziam “RONALDO!!”. No geral, sinto uma simpatia e boa disposição atípica de Lisboa, comum a todos os habitantes. E uma adoração pela palavra “kindly”.
    São poucos dias aqui, mas já vivi momentos que vou levar para a vida.
    Como por exemplo, o dia que decidi que não queria estar 3 meses sem uma guitarra. Fui a casa de um Maltês comprar uma em segunda mão e acabei por conviver com o pioneiro do skateboard em Malta e surfista, que gosta de tocar guitarra ao som de Mantras. Tocámos juntos durante uma boa hora, numa casa que parecia o interior da lamparina do génio do Aladino. Se isto continuar assim, vou ter histórias para uma vida inteira.
    Até ao próximo diário, thank you kindly.

    Everything Is Now.
    Learn. Do. Create.
    BEGIN HERE Get Everywhere.
    Dare To Try.